SOBRE SUSTENTABILIDADE...
Ultimamente tem-se ouvido falar
muito a respeito de sustentabilidade. Esse conceito vem mexendo com a cabeça de
muita gente e influenciando muitos consumidores. Ao escolher produtos e
serviços, muitos deles tendem a dar preferência aos produtos sustentáveis,
orgânicos, minimizadores de impactos ambientais, enfim... uma porção de
definições que acabam confundindo a cabeça de muita gente.
Diante dessa tendência ambiental,
gostaria de esclarecer alguns conceitos que aprendi ao longo de meus estudos e
pesquisas realizados em minha carreira acadêmica.
A verdade é que quando se fala em
Sustentabilidade, primeiramente precisamos entender que qualquer ação antrópica
(atividades humanas) causa algum impacto ao meio ambiente. Uma vez que decidimos
utilizar algum espaço para realizar alguma prática (uma construção de uma casa,
por exemplo), estamos causando uma modificação no ambiente natural em prol de
um ambiente construído satisfatório ao nosso cotidiano.
É essa transformação que deve ser
entendida como um impacto ambiental. Quando fazemos um loteamento onde antes
era uma área arborizada, quando jogamos um lixo na rua e a chuva vem e entope
os bueiros e até mesmo quando exploramos os recursos não renováveis do planeta
em uma velocidade maior em que a natureza pode acompanhar, estamos causando
algum tipo de impacto, cada um em sua proporção.
Em segundo lugar, precisamos entender que, no mundo em
que vivemos hoje é impossível alguém dizer que é totalmente sustentável, a
única oportunidade que temos é de conseguir minimizar os impactos gerados ao
ambiente com atitudes mais responsáveis.
Quando você for ao supermercado e deixar de usar uma
sacola plástica, quando você segura seu lixo na mão enquanto estiver andando
pelas ruas até achar um cesto de lixo, quando você economizar a água de seu
banho e até mesmo quando analisar bem os produtos que compra e optar por
aqueles que seguem melhor os princípios de sustentabilidade.
Como Arquiteto e Urbanista,
transfiro muito dessa preocupação para o meu setor. Se você ainda não sabe, o
setor da construção civil é considerado o maior causador de impactos ao meio
ambiente. Os resíduos gerados na construção correspondem a 60% do lixo
produzido em uma cidade. Essa porcentagem tende a crescer devido ao número de
novas construções realizadas no país.
Felizmente já é possível
encontrar algumas soluções mais ‘sustentáveis’ na hora de construir. Além
disso, alguns projetos de casas sustentáveis vêm sendo desenvolvidas por
algumas empresas, amparadas em sistemas de certificação de edificações que
guiam todas as atividades.
As certificações cobrem o papel
de gerir uma avaliação criteriosa de requisitos para incentivar e manter
práticas sustentáveis entre os proprietários, usuários e operadores, no intuito
de reduzir o impacto ambiental ao longo de todo ciclo de vida da edificação.
São adotados critérios de avaliação, como: uso eficiente de água e energia,
qualidade do ar e ambiente interno, gestão de resíduos, implantação e
orientação da edificação, uso de recursos naturais, entre outros.
Um dos primeiros sistemas de
certificação de edificações é o LEEDTM (Leadership in Energy and Environmental Design), elaborado nos
Estados Unidos. Hoje já existem vários empreendimentos certificados com esse
selo no mundo inteiro.
Além do LEEDTM, outros
sistemas foram criados em outros países, de forma a adaptar suas certificações
às características específicas de cada região. Dessa forma, é possível observar
que um desses países tem procurado se adequar cada vez mais a essa preocupação
de proporção global. No quadro abaixo você pode visualizar uma tabela das
certificações internacionais mais influentes atualmente.
Sistema
de Certificação
|
País
/ Região
|
Green Star
|
Austrália
|
Green Star
|
Nova Zelândia
|
GBC
|
Canadá
|
BEPAC
|
Canadá
|
Green Globes
|
Canadá
|
DGNB
|
Alemanha
|
MINERGIE
|
Suíça
|
BREEAM
|
Reino Unido
|
SBTool
|
República Tcheca
|
HQE
|
França
|
EPBD
|
Portugal
|
LIDER A
|
Portugal
|
SBAT
|
África do Sul
|
GBAS
|
China
|
HK-BEAM
|
Hong Kong
|
CASBEE
|
Japão
|
GRIHA
|
India
|
Green Mark
|
Singapura
|
EEWH
|
Taiwan
|
Dentre os sistemas listados
acima, o HQE também tem se tornado um grande referencial. Não é à toa que um
sistema de certificação nacional foi construído baseado nele.
O AQUA (Alta Qualidade Ambiental)
foi elaborado e adaptado para a situação brasileira e segue a mesma avaliação
multicritérios do referencial francês. Com 14 Categorias de análise, ele se
subdivide em 4 famílias, como se pode ver na tabela a seguir.
14 Categorias
do AQUA
|
Eco-Construção
|
1
|
Relação
harmoniosa da construção com o entorno imediato
|
2
|
Escolha
integrada dos processos de construção
|
3
|
Obra com
poucos incômodos
|
Eco-Gestão
|
4
|
Gestão
da energia – fontes energéticas
|
5
|
Gestão
da água
|
6
|
Gestão
das sobras das atividades
|
7
|
Gestão
da manutenção
|
Conforto
|
8
|
Conforto
higrotérmico
|
9
|
Conforto
acústico
|
10
|
Conforto
visual
|
11
|
Conforto
olfativo
|
Saúde
|
12
|
Condições
de saúde (dentro do edifício)
|
13
|
Qualidade
do ar (dentro do edifício)
|
14
|
Qualidade
da água (dentro do edifício)
|